ACTAS  
 
9/1/2014
Sessão formal de Abertura
 
Filipa Rafael

Olá a todos. Sejam bem-vindos a Castelo de Vide e à melhor escola de formação política do país.

Vocês são os eleitos para este ano aprenderem com os nossos oradores de excelência e junto de uma equipa fantástica. No ano passado, eu estava desse lado, plena de expectativas sobre a semana e os trabalhos que me aguardavam.

 

Um ano volvido, sinto que esta foi uma semana de transformações: aprendi a pensar fora do meu conforto, trabalhei sobre temáticas abrangentes e outras mais específicas que me enriqueceram como militante e como cidadã.

 

O último dia chegou sem que eu me apercebesse no imediato do tanto que aprendi. Hoje, sei que a experiência da UV de 2013 ajudou-me a ser melhor na minha participação cívica e autárquica.

Esperem uma semana de intenso trabalho mas também de muitas recompensas.

Deixo-vos as minhas recomendações: sejam pontuais, façam uma boa gestão do vosso tempo, equilibrando os trabalhos, as prioridades e as emoções.

 

Convido-vos agora a assistir a um breve filme que retrata a minha UV que foi a 11ª edição da Universidade de Verão do PSD, JSD e Instituto Sá Carneiro.

Muito obrigada.

 

[VÍDEO]

 
Dep.Carlos Coelho

Sr. Dr. Marco António Costa, Vice-Presidente do PSD; senhor Presidente da JSD; senhores diretores-adjuntos Duarte Marques e Nuno Matias; senhora conselheira Filipa Rafael; senhor Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide - que será saudado de forma especial durante o jantar formal de abertura; senhor Vice-Presidente da Câmara; senhores Presidentes de Câmara aqui presentes; senhores Deputados à Assembleia da República; Cristóvão Crespo e Miguel Santos; minhas senhoras e meus senhores; sejam todos bem-vindos à Universidade de Verão de 2014.

 

Dos 100 participantes desta universidade há pessoas de todas as idades dentro dos limites etários que foram definidos e pessoas de todo o país. Há pessoas com e sem experiência política, há pessoas até sem desejo de fazer atividade política, há militantes do PSD e da JSD e há independentes. Mas, todos vós, pelo manifesto de vontade ao explicarem por que vieram candidatar-se, têm algo em comum: a circunstância de estarem disponíveis e terem vontade de fazerem intervenção cívica responsável.

 

Uns estão aqui pela primeira vez, mas outros, sobretudo da organização, estão aqui desde 2003. Todos nós damos a cara através do "Quem é Quem”, revelamo-nos um pouco, dizemos o que somos, o que desejamos, o que sonhamos, o que mais apreciamos. Estou certo de que ao fim da semana vamos conhecermo-nos um pouco melhor, mas desde já através do "Quem é Quem” temos a oportunidade de nos conhecermos um pouco.

 

O grupo que está cá resultou de uma seleção difícil de mais de 300 candidatos. Devo confessar que é a única parte que eu não gosto de preparar na Universidade de Verão, a seleção, pois ficamos sempre com a angústia de que há alguém com qualidade que ficou de fora.

Devo confessar que nunca achámos que tivéssemos errado ao colocar aqui alguém que não merecia. A nossa convicção é de que são os melhores. Espero que, através do vosso empenho, vocês provem que nós tínhamos razão e que vocês eram mesmo os melhores e merecem estar aqui na Universidade de Verão.

 

Vão reparar que, para nós, vocês são uma seleção nacional porque vos vamos tratar como uma verdadeira seleção nacional. Através da organização, do rigor, de todos os detalhes de que se vão aperceber ao longo desta semana, da qualidade do programa que vos oferecemos e dos oradores que convidámos para estarem convosco nesta semana.

 

Todos já receberam umdossiercom o material essencial e vão receber mais material ao longo da semana. Vão poder juntá-lo aos documentos que já estão nessedossier. Têm aí os "Quem é Quem”, os currículos que vão passar a receber - já têm o primeiro, do Dr. Marco António Costa, o programa e têm até páginas em branco para poderem fazer as vossas notas e registarem os vossos comentários.

 

Mas têm aí também algo muito importante, que são as cinco regras fundamentais. Vocês vão ver que há regras para tudo: jantares, trabalhos de grupo, assembleias e aulas. São simples, mas são as chamadas "cinco regras capitais”.

A primeira é ter vontade: não está ninguém aqui obrigado, quem está aqui quis estar, candidatou-se, foi selecionado e pagou a sua taxa de inscrição.

A segunda é querer saber mais. Diz-se que a curiosidade é sinal de inteligência, se isso é verdade temos à nossa frente 100 curiosos e curiosas nesta Universidade de Verão.

 

A terceira regra é ser pontual. Na nossa opinião, uma das razões da falta de competitividade no nosso país tem que ver com a falta de cumprimento de horários. Faço-vos o mesmo apelo que venho fazendo com sucesso desde 2003 em todos os anos da Universidade de Verão: vamos surpreender o país uma vez mais!

Na Universidade de Verão, dez horas não são dez e meia, não são dez e vinte, não são dez e um quarto, não são dez e dez, não são dez e cinco, nem sequer dez e dois. Dez horas são dez horas em ponto.

Nesta Universidade de Verão tudo começa e acaba a horas, não há derrapagens nem atrasos. Fazemos isso com a vossa ajuda para surpresa de todos aqueles que à distância acompanham a Universidade de Verão.

 

A quarta regra é serem solidários dentro do vosso grupo e dentro da família da UV.

 

Finalmente: serem construtivos, que é uma atitude individual e há mecanismos de participação, designadamente através das sugestões em que vocês podem ajudar a melhorar esta iniciativa. Não hesitem em serem construtivos e em explicarem como é que podemos fazer melhor.

 

Como é que é um dia na Universidade de Verão? Salvo raras exceções, o dia típico tem duas aulas, trabalhos de grupo e um jantar-conferência.

 

Vamos ver o dia de amanhã, por exemplo: começamos às dez horas com uma aula sobre a Energia e o Clima, dada pelo Eng.º Carlos Pimenta. Ao meio-dia, o mais tardar até ao meio-dia e meia, termina essa aula, que terá duas horas. Mas se houver muitas perguntas pode ter mais meia hora. Terminamos a nossa aula e depois há procedimentos que vos vão ser explicados amanhã e seguimos lá para cima para o 1º andar onde há um almoçobuffet.

 

A aula da tarde começa às 14h30. Recomendamos que cheguem dez minutos ou um quarto de hora mais cedo por procedimentos de entrada, porque têm de receber uns envelopes, e dessa forma poderemos começar à hora marcada.

Como sabem pelo programa, a aula de amanhã à tarde será um debate sobre se a clivagem esquerda/direita ainda é importante. Os oradores serão o Prof. Dr. Miguel Poiares Maduro e o Mestre Rui Tavares.

É uma aula que termina às 16h30 e se houver muitas perguntas o mais tardar às 17h. Às 17h, tornamos a subir para o 1º andar, para a zona do bar, onde há um pequeno lanche entre as 17h e as 17h30.

 

Às 17h30, começam os trabalhos do grupo. Já sei que, depois, a dinâmica do grupo vai obrigar-vos a pedalar muito e todos vós vão ter a tendência para prolongar os trabalhos de grupo mais do que seria desejável. Mas pedimos sempre que o mais tardar às 19h30 terminem os vossos trabalhos de grupo para poderem ter uma pausa entre as 19h30 e o jantar que começa às 20h.

 

Como depois explicarei, começa com um momento cultural protagonizado por vós. O jantar de amanhã será com o Dr. Daniel Innerarity, uma das figuras cimeiras do pensamento de ciência política na Europa. Portanto, este é o dia típico.

 

Relativamente ao programa, por uma razão de natureza pessoal e um pouco trágica, o Prof. António Barreto não vai poder estar connosco. Tínhamos convidado o Prof. Barreto para fazer uma avaliação dos 40 anos da democracia portuguesa, fazer uma espécie de retrato de Portugal ao longo de 40 anos. Ele não vai poder estar entre nós e não é um tema que possamos pedir a alguém para fazer, porque o que se lhe pediu foi uma avaliação quantificada com dados estatísticos de natureza demográfica, económica e social.

 

Não é possível substituí-lo e, portanto, optámos por outro tema que tem que ver com a realidade internacional. Vamos ter a Dr.ª Mónica Ferro, uma especialista em política internacional, a falar sobre os conflitos atuais no mundo: a guerra na Ucrânia; as aspirações russas a quererem ultrapassar aquilo que é consentâneo com o direito internacional; a tensão no Iraque; e focos de conflito noutros pontos do mundo. Este tema não está nas vossas pastas mas vai estar afixado em todo o lado, estará também na UVTV e no vosso JUV.

 

Vocês são convidados a participar nas aulas, nos trabalhos de grupo, nas assembleias e nos jantares. Farão intervenções em nome do vosso grupo e por isso vão ser escolhidos porta-vozes nas reuniões dos grupos. Mas há participações individuais escritas – de que falaremos mais à frente, e orais através do sistema do "Catch the Eye”, que vos explicaremos depois.

 

Quase todas as intervenções escritas poderão fazer através da net, excepto duas: a avaliação do tema e o "Aprendi que…”, que mais à frente explicarei com maior detalhe.

 

Há situações em que vão receber impressos e vão ficar na dúvida se devem fazer por escrito ou através da net. Recomendo que façam através da net, porque alguns de vós têm uma caligrafia mais criativa e correm o risco de quem interpreta o que vocês escrevem não traduzir para o computador exatamente aquilo que vocês queriam escrever.

Portanto, se o fizerem através danet, tenho a certeza de que o vosso pensamento será compreendido com mais rigor.

 

Através dos vossos computadores,iPads,tablets,smartphones, podem aceder à nossa rede no endereço univerao2014.com. Quem não trouxe computador nem outro instrumento destes tem lá em cima no 1º andar umapoolde dez computadores à vossa disposição para usarem quando quiserem. A redewirelesscobre aqui o rés-do-chão e parte do 1º andar: as partes onde trabalhamos.

Recomendamos que tenham em atenção a vossapassword. Já receberam nos vossos documentos iniciais apassword. Por que razão a devem usar? Porque só assim é que podem participar. Por que razão devem ser ciosos da vossapassword? É para termos certeza de que aquilo que os vossos contributos são mesmo vossos. Isto é, que não há um/a engraçadinho/a que utiliza a vossa sessão aberta para colocar na vossa parte aquilo que vocês não queriam.

Portanto, sempre que acederem aos computadores comuns não se esqueçam de sair da vossa sessão para terem a certeza de que aquilo que vocês escrevem é mesmo aquilo que queriam escrever.

 

A nossa universidade é muito interativa. Todos os dias vão receber o JUV que é o jornal da Universidade de Verão. Já receberam o número zero, a edição de boas-vindas

Vão receber hoje à noite, ou na madrugada, o JUV número um. O JUV é colocado por baixo da vossa porta do quarto em edições personalizadas, ou seja, cada um tem o nome e a fotografia na vossa edição. Por que fazemos isto? Não é para cederem ao narcisismo de terem a vossa fotografia na primeira página do JUV todos os dias, mas estão em quartos duplos e assim sabem que há um JUV para cada um de vocês.

 

Quem faz o JUV é naturalmente o Paulo Colaço, o Júlio Pisa, o João Figueiredo, mas é sobretudo cada um de vocês. Vocês é que através das vossas respostas às perguntas e ao reagirem aos desafios do JUV na Intranet vão construí-lo. Cada Grupo terá a oportunidade - dois Grupos em cada dia, de fazer o YouJUV. Não vou perder agora tempo a explicar como é que isso se faz, o Paulo Colaço explicará aos vossos coordenadores na reunião que teremos hoje por volta das 23h30.

Mas cada Grupo fica já a saber que uma vez, num dos dias, terão a oportunidade de fazerem a vossa página YouJUV que é uma separata do vosso Jornal da Universidade de Verão.

 

Quero agora falar das participações não-obrigatórias que vocês vão ter. Usei o vosso benjamim que é o António José Diogo como exemplo. A primeira das participação não-obrigatórias, isto é, podem fazer ou não, são as perguntas. Têm nesta sessão oportunidade de fazer perguntas escritas ao Dr. Marco António Costa, ao Secretário-Geral e ao Presidente da JSD.

 

Nos próximos dias, terão ocasião de fazer perguntas ao convidado do jantar e também a cinco personalidades que estão lá fora: Durão Barroso, atual Presidente da Comissão Europeia; Eng. Carlos Moedas, que vai ser o próximo comissário português na Comissão Europeia presidida por Juncker; o Ministro da Administração Interna, Dr. Miguel Macedo; um especialista em Relações Internacionais, Dr. Miguel Monjardino; e a Daniela Ruah que está em filmagens nos EUA, mas pela segunda vez acedeu ao nosso convite e vai aceder às nossas perguntas à distância.

 

Nestas perguntas, cada personalidade vai escolher duas perguntas apenas. Portanto, não fiquem desiludidos se não for nenhuma das vossas perguntas. Como são perguntas e respostas curtas, perceberão que se as vossas perguntas obrigarem a muita elaboração provavelmente não serão escolhidas. Isto é, pergunta curta, resposta curta. Cada personalidade vai escolher duas e elas serão publicadas no JUV.

 

A única personalidade que foge a esta regra é o Presidente da JSD, que como está cá durante esta semana disponibilizou-se para responder a todas as perguntas que lhe fizerem. Portanto, ele será o único dos nossos convidados a responder a perguntas escritas que responderá a todas e não apenas a duas.

 

Outra participação não-obrigatória são as "Sugestões” que são sugestões que me são dirigidas. O que quero que façam? Quero que pensem se vocês fossem o diretor da Universidade de Verão, o que é que fariam de diferente e eu prometo responder a todas as vossas sugestões, dizendo se concordo ou não e se concordo se posso adotar já este ano ou se apenas pode ter efeitos a partir do próximo ano.

 

Essas sugestões podem ser assinadas, ou podem ser anónimas. Já têm nas vossas pastas documentos em branco para as sugestões e na secretária da receção têm mais impressos para sugestões. Se quiserem dar sugestões anónimas têm impressos em branco que devem dobrar e depositar à saída no voto juntamente com a avaliação. Já vamos falar sobre como é que fazem a avaliação.

 

Há um momento em que vocês votam de forma secreta e podem pôr as vossas sugestões anónimas na urna.

 

A terceira forma de participação não-obrigatória é o "Achei Curioso”, onde podem registar algo que acharam curioso: um pormenor da organização, a atitude de um convidado, uma ideia original, e o JUV vai escolher os melhores para publicar no jornal.

 

Pela primeira vez em 12 anos, vamos ter uma coisa sugerida pelos vossos colegas no ano passado: uma área de citações chamada "Gostei de Ouvir”. Se houver uma citação de algum dos nossos conferencistas que vocês consideram que vos marcou e quiserem sublinhá-la, podem assinalar, dizendo quem foi a pessoa e o que é que ela disse que vocês apreciaram.

 

Para isto não há prazos, podem fazer em qualquer momento, excepto para as perguntas à distância. Como nós temos de enviar as perguntas, algumas delas para mais de dez mil quilómetros, o que vamos fazer é definir como prazo limite por escrito as 12h30. Isto é, durante a aula da manhã farão as perguntas por escrito que quiserem para esse dia. Quando entrarem, um bocadinho antes das dez da manhã recebem os envelopes com esses impressos; podem fazer através da net até às 14h30 ou de papel até às 12h30. Depois, enviadas às personalidades, elas irão ser escolhidas e enviadas as respostas porque é nessa noite que vamos colocar as perguntas e respostas no JUV.

 

Finalmente, outra participação não-obrigatória, mas que aconselho que façam: o Instituto Sá Carneiro vai lançar um dicionário de cidadania. Quero que pensem quais são os termos, conceitos, que gostariam de ver nesse dicionário. Ajudem-nos a construir esse dicionário, quais são as entradas, basta dizerem quais são os termos e se quiserem podem explicar por que sugerem esse termo, se acharem que é importante. Têm não apenas o campo para o termo para também um pequeno campo para uma justificação.

 

Disse-vos que são uma seleção nacional e para tratá-los como tal não podem estar fechados aqui nesta sala, têm de saber o que se passa no país, na Europa e no mundo. Todos os dias vão receber uma revista de imprensa, ao final da aula da manhã, e uma síntese das notícias que vai aparecer aqui na sala empower pointe também nos vossos quartos. Quem faz isto é a Inês Madeira Santos que foi uma das melhores alunas de uma edição anterior da Universidade de Verão.

 

O que também vos dá a dica de que muitos antigos alunos da Universidade de Verão são associados ao trabalho da organização, todos os conselheiros foram alunos da Universidade de Verão e também temos, como aqueles que já foram ao quarto e abriram a televisão, a UVTV. Viram o filme apresentado pelo Paulo Colaço, do ano passado, e a UVTV todos os dias tem programas e reportagens novas, aparece nas televisões que estão espalhados pelo nosso espaço, mas também nos vossos quartos.

 

Há duas participações obrigatórias. A "Avaliação” que temos de fazer para melhorarmos. Vão ter, em cada aula, este impresso chamado de "Avaliação do Tema” em que vos vamos pedir nove avaliações: três sobre o tema, três sobre o orador e três sobre pormenores de organização. Sobre o tema vamos perguntar sobre o tema se o acharam importante, interessante e se trouxe novidades. Peço-vos que antes de ouvirem a aula respondam logo ao primeiro requisito: se o tema é ou não importante. Porque o tema pode ser muito importante, mas não ser nada interessante porque ele não foi bem dado.

 

Posso encontrar aqui um orador fantástico, por exemplo, o Presidente da JSD, que vos vai dar uma aula sobre a reprodução assexuada dos caracóis e ser fantasticamente interessante e até trazer muitas novidades porque vocês não sabiam como é que eles se reproduziam, mas em bom rigor o tema não é interessante para a Universidade de Verão. Para não deixarem que a vossa avaliação seja contaminada pelo facto de gostarem ou não da forma como a aula foi dada, sugiro que façam logo essa avaliação antes de ouvir a aula, dizendo se o tema é ou não importante.

 

Depois sobre o/s orador/es, vamos pedir que avaliem se acham que eles sabiam da matéria, ou seja, o nível de conhecimento; se eles transmitiram bem, ou seja, a capacidade de comunicação; e, finalmente, se vos puseram à vontade, ou seja, simpatia e empatia.

Finalmente, avaliarem três aspectos da organização: se os textos de apoio que vos foram distribuídos eram bons, se houve suportes audiovisuais se estes eram bons e se o tempo dedicado ao tempo está bom, ou devia ser mais ou devia ser menos.

 

Peço-vos algo: não se deixem contaminar pela simpatia. Aqui há uns anos valentes, tivemos cá o Eng.º Carlos Pimenta que deu uma aula fantástica e espero que a de amanhã seja tão boa quanto a última que ele deu aqui. Todos o adoraram e quando chegou à altura de avaliar os textos de apoio, as avaliações dos vossos colegas foram grosso modo 3 como classificação. Não teria havido problema se tivesse sido entregue um documento, mas não houve, portanto, a avaliação devia ter sido 1, o que significa nada. Não façam avaliação por simpatia, respondam a cada quesito, em função do seu mérito próprio. Por quê? Porque vamos depois tratar a vossa informação, que é um voto anónimo, não vos compromete, mas é importante para nós percebermos o que é que correu bem ou mal, por forma a podermos melhorar a próxima edição da Universidade de Verão.


A grelha de avaliação é sempre a mesma para tudo o que vão ter nesta semana: de cinco a um, em que cinco é muito, quatro é bastante, três é suficiente, dois é pouco e um é nada ou quase nada.

 

A outras das participações obrigatórias que nós vos pedimos já não é anónima, é assinada, é relativamente ao que aprenderam. A seguir a cada aula vão responder a esta pergunta: o que aprendi nesta aula? Podem escrever uma ou mais coisas, até podem não escrever nada, mas será muito esquisito que não aprendam rigorosamente nada numa aula, sobretudo com a qualidade dos oradores que escolhemos. Mas pode acontecer. Porém, gostaríamos que preenchessem com uma, duas ou três coisas que acharam relevante.

 

A meio da semana já vão estar fartos de papel, não podem ver papel pois só vêem impressos e vão achar que é um exagero burocrático. Não é. É que nós damos valor à vossa opinião que é muito importante para nós porque é com ela que avaliamos e melhoramos esta iniciativa. Agradecemos, aliás, aos vossos colegas das edições anteriores da Universidade de Verão.

Se tivessem cá estado em 2003, na primeira edição, não tinham tido a pasta com a informação, a UVTV, o YouJUV, a simulação de assembleias, a aula do "Falar Claro”, a apresentação de trabalhos de grupo, as revistas de imprensa, a visita a Castelo de Vide, os debates oponentes, e tinham tido uma Universidade de Verão mais curta. Têm tudo isto porque a opinião dos vossos colegas ao longo dos anos permitiu-nos introduzir inovações e melhorias na universidade de Verão. Tudo isto resultou da avaliação dos vossos colegas e espero que da vossa avaliação continuada ao longo da semana e da final no domingo de manhã possamos melhorar ainda mais a Universidade de Verão 2015.

 

Para terminar, o que é que queremos? O que queremos é que saiam daqui com mais vontade de fazer intervenção cívica mais responsável. Fernando Savater é um sociólogo e filósofo, dirigente do movimento Basta Ya contra o terrorismo independentista basco, a quem nós atribuímos o prémio Sakharov no Parlamento Europeu. É o autor do livro que vos proponho no "Quem é Quem” e escreveu em 1997 isto: «se o que nos ofende, ou preocupa, é remediável, devemos pôr mão à obra e, se não é, torna-se ocioso deplorar porque este mundo não tem livro de reclamações». Meus caros amigos, este mundo não tem livro de reclamações. É por isso que temos de pôr mãos à obra.

 

Mas, atenção, nunca esqueçamos o que Francisco Sá Carneiro nos ensinou para a nossa intervenção política e cívica: que a política sem risco é uma chatice, mas a política sem ética é uma vergonha.

Gostaria que fortalecessem esta convicção de que a intervenção cívica deve ser feita reforçado esforço e preocupação ética acentuada.

 

Termino com uma história de um homem que esteve aqui há dez anos nesta sala: Juan Cebrian, o jornalista espanhol muito conhecido, antigo diretor do jornal El Pais, um homem à esquerda e que nos deu a honra de aceitar um convite nosso para uma Universidade de Verão e que é administrador do grupo do El País.

Em 1963, Cebrian tinha 19 anos e era estagiário num jornal espanhol e um dia foram-lhe dizer que Kennedy tinha acabado de ser assassinado.

Para o jovem de 19 anos, Kennedy não era uma pessoa qualquer, era o ideal de líder político de Cebrian. O assassinato de Kennedy calou o mundo, foi algo de brutal. Ele foi a correr para o jornal, mas na altura Franco ainda estava no poder, Espanha não era uma democracia, era uma ditadura e os jornalistas não eram exatamente as pessoas mais bem tratadas e tinham dois empregos para conseguir sobreviver.

 

O turno da tarde já estava a sair, o turno da noite ainda não tinha chegado e Cebrian diz-nos, nas palavras dele: "Na sala, vazia de gente, os telefones tocavam enlouquecidos e o telex funcionava. Durante um tempo disfrutei de uma sensação maravilhosa. Sem ninguém no jornal, a notícia era só para mim. Começou a chegar o pessoal e iniciou-se a edição que saíria na manhã seguinte. Era a primeira grande notícia que me tocava viver como profissional. Os acontecimentos passavam com grande rapidez. Naquela coisa trabalhei muito, a titular, a escrever notícias, a apanhar notícias ditadas, a paginar, a ajudar a fazer o diário. Não dormimos durante toda a noite para poder pôr na rua um diário verdadeiramente exemplar. Eu sentia-me feliz. Orgulhoso. Regressei a casa vinte e quatro horas depois de a ter abandonado. Fi-lo exausto mas contente. Com essa satisfação do dever cumprido.”

 

Quando ele entra em casa, no prédio, estavam a fazer uma entrega de carvão. O porteiro, para proteger o mármore branco do hall de entrada, usou jornais como fazia sempre para que o carvão não sujasse o branco do mármore. Diz Cebrian: "Atravessei a distância até ao elevador pisando de maneira consciente aquela primeira página que tanto trabalho e sonho de tanta gente tinha consumido. Horas de esforço, de imaginação e de luta postas naquele exemplar do diário. Pareciam que já não serviam senão para evitar que se sujasse o chão do meu portal.”

Faz uma referência à volatilidade do esforço e faz uma piada dizendo: "Pensei que escrevia para a cabeça das pessoas e afinal escrevia para os pés das pessoas. Foi uma lição do significado do tempo para o nosso ofício.”

 

Contei-vos esta história de Cebrian, para vos dizer o seguinte, que na nossa ação política ou cívica, em vez de olharem para a notícia efémera que podem conquistar tenham em conta o que se pode construir. Pensem na vossa ação não como um título, ou como um soundbite, mas como um tijolo, sabendo que em cima de cada tijolo outro vai ser colocado. Se houver critério, todos juntos permitem construir algo que valha a pena e que resiste ao tempo.

 

Uso esta parede de tijolos para vos desejar que sejam muito felizes na Universidade de Verão 2014.

 

[APLAUSOS]

 
Hugo Soares

Gostaria de cumprimentar o Dr. Marco António Costa, caro Coordenador da Comissão Política Permanente do PSD; o nosso Reitor, eurodeputado Carlos Coelho; os diretores-adjuntos deputados Duarte Marques e Nuno Matias; a Filipa que foi aluna da UV na edição anterior; todos os dirigentes do partido e da JSD; meus colegas Deputados da Assembleia da República; mas queria cumprimentar de forma muito especial cada um de vós, a nossa seleção nacional.

 

Podíamos ter aqui uma mesa de grandes oradores, o Carlos Coelho podia - como sempre faz e sempre fez, organizar uma grande Universidade de Verão, podíamos ter muitos convidados, as câmaras e os jornalistas aqui connosco, mas de que valia termos tudo isso se não tivéssemos os nossos alunos? Aqueles que se candidataram porque tiveram vontade, aqueles que foram escolhidos porque se distinguiram dos demais, aqueles que aqui estão, a nossa seleção nacional.

 

Vocês são a nossa seleção nacional e durante uma semana terão oportunidade, não só de demonstrar por que foram escolhidos, mas sobretudo terão oportunidade de crescer. Crescer na participação, na reflexão, na vontade, no empenho e também como o Carlos diz no vídeo de apresentação da UV, crescer inclusive no sacrifício.

 

Não será uma semana de mero convívio, não é uma semana onde os tempos livres sejam muitos, mas não tenho qualquer dúvida que acontecerá convosco o mesmo que a todos que vos antecederam. No domingo, quando se forem embora, vão ter saudades, vão estar cheios de pena de a Universidade de Verão ter acabado, mas sairão daqui com certeza jovens mais bem preparados, capazes de olhar para os problemas de outra forma, de participarem ativamente de outra forma, fazendo aquilo que fizerem.

 

Estando na política, estando na vida privada, nunca fazendo política partidária, ou até seguindo cada um de vós - como eu dizia numa entrevista ao Duarte Marques - carreiras políticas, pois daí de onde vocês estão já saíram muitos dirigentes do partido e já saíram dirigentes da JSD, mas sobretudo e porque é o mais importante, saem sempre mulheres e homens mais bem preparados.

 

Aquilo que hoje vos queria dizer era desejar-vos muitas felicidades, dizer-vos que são uns privilegiados, têm todo o mérito em aqui estar, mas eu também não tenho dúvidas que no final desta Universidade de Verão vocês vão ser capazes de saber aquilo que eram quando entraram e a forma como cresceram aqui nesta UV.

 

O Carlos Coelho terminou com uma história a propósito de Kennedy. Ora, Kennedy, disse uma vez que a mudança é a lei da vida e aqueles que ficarem presos a olhar o passado, ou fixos no presente, certamente falharão o futuro. Vocês são o futuro, vocês são a seleção nacional, boa sorte a todos, bom trabalho e no domingo quando saírem daqui tenho a certeza que vão olhar para trás e vão dizer que valeu a pena. Bom trabalho.

 

[APLAUSOS]

 
Marco António Costa

Caras amigas e caros amigos,

 

Uma boa tarde a todos.

Permitam que comece por saudar todos vós que estais aqui à minha frente e que constituem no seu todo a nova turma da Universidade de Verão de 2014.

 

É para mim um gosto particular poder cá estar nesta sessão de abertura. Há exatamente um ano, tive igual honra em poder cá estar, em poder contar com um conjunto de jovens que estando desse lado estavam também a dar os primeiros passos dentro da JSD. Jovens que ao longo deste ano me habituei a encontrar em muitas atividades públicas, umas de natureza cívica outras de natureza partidária, e que de uma forma ou de outra - pela sua atitude e pelo seu comportamento - dizem presente na sociedade portuguesa.

 

É um sinal muito importante, o sinal de uma mobilização que não se esgota na vida partidária. Ultrapassa essa vida partidária e expressa-se naquela que é a ação comum na nossa sociedade.

 

Portanto, meu caro Carlos Coelho, Reitor desta Universidade, quero dizer que para mim, enquanto Vice-Presidente do Partido Social Democrata e em representação do Presidente do Partido, estar aqui hoje mais uma vez é uma honra. É uma honra porque seguramente no próximo ano terei o gosto de encontrar muitos destes rostos a dar o seu contributo em associações, em instituições sociais, na JSD, nos combates políticos e nos combates cívicos que a sociedade portuguesa terá de travar para vencer as dificuldades que diariamente enfrenta.

 

Quero-vos dizer que para mim é particularmente positiva esta minha passagem quando sei que o nosso Hugo Soares está na última Universidade de Verão como Presidente da JSD e que ao longo deste tempo manteve a velha tradição dos líderes da JSD; a tradição de acreditar nesta iniciativa, de lhe emprestar todo o seu empenho e com isso também procurar que a JSD continue a avançar na qualidade dos seus quadros e acima de tudo a atualizar-se nas competências e ferramentas que são indispensáveis para o tempo que vivemos.

 

Quero também cumprimentar o Nuno Matias e o Duarte Marques porque eles também são rostos desta Universidade de Verão como muitos outros que estão nesta organização e que eu saúdo através dos dois.

 

Queria cumprimentar a Filipa Rafael, que no ano passado esteve desse lado e este ano vos deu o seu testemunho, fazendo aqui um apelo e com isso também simbolizando a mudança que lhe acontece nesta Universidade de Verão: a mudança de posição. Acima de tudo uma mudança no sentido de contribuir positivamente para um novo ciclo de formação para outros jovens, que sois vós que aqui estais hoje.

 

Queria cumprimentar o senhor Presidente da Câmara, o senhor Vice-Presidente, os senhores dirigentes distritais, os senhores deputados, os presidentes de câmara de outros municípios que não de Castelo de Vide. Saúdo-vos a todos: os dirigentes partidários, as senhoras Deputadas aqui presentes, a comunicação social que transmite a nossa mensagem, o Secretário-Geral da JSD Simão Ribeiro.

 

Enquanto me dirigia para cá, refletia sobre a mensagem que gostaria de vos deixar hoje. Pensava no país que tínhamos em 2013 e no país que temos hoje. Pensava na plateia que encontrei em 2013, na conjuntura em que nos encontrávamos e na plateia que hoje iria encontrar e que está aqui à minha frente.

 

Cheguei a uma conclusão muito simples: é que num ano o país mudou, a sociedade portuguesa mudou, mas a oposição está igual a ela mesma, está cristalizada e não mudou absolutamente nada. Isso deve merecer, para quem está num projeto de formação política, uma especial atenção. O imobilismo, a cristalização política é um sinal de regressão na vida pública.

 

É importante então analisarmos o que acabei de afirmar, as conclusões que eu tirei, e se são ou não sustentadas pelos factos.

Porque temos ouvido muitas discussões na vida pública, mas verdadeiramente não encontramos quem apresente propostas concretas, ou dados concretos, que possam contraditar aquela que tem sido a comprovada ação do tempo e o resultado do trabalho governativo do executivo liderado pelo nosso Presidente.

 

Há um ano atrás quando aqui estive, o país estava sobre regaste financeiro. Há um ano atrás quando aqui estive, sempre que falávamos em tomar decisões, falávamos em pedir autorização prévia à dita Troika, ao FMI, ao Banco Central Europeu e à Comissão Europeia. Há um ano atrás nós dizíamos que estávamos sob intervenção e sob resgate. E efetivamente estávamos porque em 2011 a situação foi de tal forma, atingiu um perigo de rotura tão significativo que o Governo de então não teve alternativa senão confrontar-se com a realidade e aceitar que tinha de pedir ajuda internacional para evitar que o país entrasse em colapso.

 

E o colapso significava algo muito simples, era paralisar a ação do Estado, fechar os serviços públicos, deixarmos de cumprir as funções essenciais que o Estado cumpre na nossa sociedade.

 

Dito de outra maneira, em 2013 ainda estávamos a trabalhar para que a 17 de Maio de 2014 nos vermos finalmente na situação de reconquistarmos plenamente a nossa autonomia financeira.

 

Hoje, no dia 1 de Setembro de 2014, falo perante uma plateia num país que está ainda a enfrentar muitas dificuldades, mas que felizmente pode afirmar que cumpriu doze avaliações dificílimas à sua tarefa de cumprir esse regaste financeiro. Venceu essa dificuldade, o que significa mais uma etapa histórica na vida do nosso país ultrapassada com o trabalho de todos os portugueses sem exceção.

 

Mas em 2013 o país começava a dar os primeiros passos a aceder aos mercados financeiros, a colocar dívida soberana e a procurar colocar à melhor taxa de juro. Se em 2011 nós nem conseguíamos ter credibilidade para colocar no mercado internacional dívida soberana porque não havia quem financiasse o Estado português por falta de credibilidade, em 2013 o país já conseguia obter juros na ordem dos 7,1%.

 

Mais concretamente a 1 de Setembro de 2013, a taxa de juro da dívida a dez anos, das obrigações de tesouro relativamente à dívida soberana a dez anos era de 7,1%. Hoje o mercado fechou com uma taxa de juro de 3,2%, isto é, menos de metade da taxa de juro que o país pagava há um ano atrás para se poder financiar no sentido de garantir o funcionamento das atividades vitais do nosso Estado, nomeadamente do Estado Social.

 

Em 2013, quando aqui estive na abertura, o país estava a dar os primeiros passos de recuperação económica, mas a verdade é que 2013 foi um ano de recessão económica, como foi 2011 e 2012. E muitos dos que hoje continuam a criticar a nossa ação política diziam que nós tínhamos entrado numa espiral recessiva, que o país não tinha solução porque a política que estava a ser seguida pelo governo era uma política que conduziria a economia portuguesa a uma espiral recessiva. Dito de outra maneira, os arautos da desgraça – que hoje são os mesmos que estão na oposição, afirmavam que este país não tinha solução e não tinha futuro.

 

Hoje, em 2014, sabemos que o país vai encontrar crescimento económico neste ano e ainda há uma semana atrás foi revista a previsão de 0,8% para 1% de crescimento do PIB para 2014. A realidade continua a impor-se e aqueles que eram os arautos da desgraça continuam a ser os arautos da desgraça.

 

Mas em 2013 o desemprego era de 16,3% e nós sabíamos que a situação era muito difícil. Por esta altura, tínhamos os dados do Eurostat do mês de Julho que afirmavam que o país estava numa situação muito difícil do ponto de vista social com o desemprego a crescer, estimando-se para este ano uma taxa de desemprego superior a 17%. Pois bem, hoje, um ano volvido, há 125 mil portugueses que encontraram um posto de trabalho e hoje, um ano volvido, Portugal soube na semana passada - pela voz do Eurostat, que foi o país campeão na queda do desemprego na União Europeia.

 

Portugal atingiu uma taxa de desemprego de 14%.

 

Não estamos satisfeitos, queremos continuar a trabalhar para baixar essa taxa de desemprego, queremos que mais centenas de milhares de portugueses encontrem uma oportunidade profissional nas suas vidas.

 

Mas há um ano atrás, a taxa de desemprego de jovens era de 37,6% e já muito tínhamos feito para lutar contra essa taxa de desemprego. Um ano depois, hoje, estamos com uma taxa de 35,5% e o significado destas taxas e destas percentagens é o significado das pessoas. Significa que há mais 24 mil jovens que estão hoje no mercado do trabalho, que encontraram uma solução profissional para as suas vidas, quando há um ano atrás não tinham essa solução profissional.

 

O país mudou, mas os arautos da desgraça continuam a dizer que o país não tem solução.

 

Mas, caros amigos, a verdade é que se o país mudou, como estes indicadores económicos comprovam – podemos também recordar que a taxa de produção industrial cresceu – é preciso notar que a sociedade também mudou.

 

Hoje os portugueses revelam um nível de confiança que só era conhecido em 2008 e 2007. O Instituto Nacional de Estatística (não foi o Governo, nem o PSD) disse na semana passada que o indicador de clima económico tinha atingido um valor só comparável com os valores atingidos em 2008 e que o indicador de confiança dos consumidores tinha atingido um valor só comparável com os valores atingidos em 2007.

 

Ora, a sociedade mudou. Empresários confiam, acreditam e acima de tudo investem e produzem. Os consumidores, os portugueses, também têm confiança relativamente ao futuro. A verdade é que se o país mudou e a sociedade mudou, a oposição continua igual a ela própria.

 

Há um ano atrás afirmei aqui que a oposição tinha fobia a compromissos, contrastando aliás com a atitude dos parceiros sociais que, sem nunca prescindirem do seu ponto de vista e de combaterem por aquilo que acreditam, conseguem sentar-se à mesa e encontrar soluções concretas para problemas concretos.

 

Há um ano atrás apelei à oposição que mudasse de comportamento, que acompanhasse a mudança que o país estava a ter e que aceitasse o compromisso de estar ao lado do país neste percurso que temos pela frente. Perderam um ano e não aceitaram compromissos, não estiveram ao lado do país e o Governo esteve sozinho a lutar para apresentar estes resultados.

 

Durante este tempo o que tivemos foi uma oposição que não se mobilizou para ajudar os portugueses. Durante este tempo tivemos uma oposição que permanentemente apresentava uma atitude negativista e derrotista e buscava o imobilismo como solução para os problemas dos portugueses.

 

Isto é: o país reforma-se, o país vence as adversidades, o país avança; a oposição cristaliza, faz oposição cega e quer fazer o país voltar para trás. Ora, é contra isto que nos temos de mobilizar. É por Portugal, pelos portugueses, pelo nosso futuro, pelo vosso futuro que nos devemos mobilizar para o combate que teremos no próximo ano.

 

Hoje não há uma linha ideológica que separe partidos, hoje existe uma realidade que marca as diferenças. Há aqueles que querem ficar agarrados ao velho Portugal e há aqueles que, como nós, lutam pelo novo Portugal.

 

Há aqueles que querem ficar agarrados às velhas soluções, às velhas políticas e fazer o país voltar para trás. E há aqueles como nós que querem fazer reformas, fazer o país avançar e não deixar que Portugal regrida.

 

Há aqueles que perante as circunstância não apresentam soluções concretas, como esta reforma da Justiça que há duzentos anos não era feita no país com esta magnitude e com esta importância. É que esta reforma do mapa judiciário não é apenas uma reforma da Justiça: é toda uma reforma substantiva e adjetiva da nossa estrutura legal portuguesa que fará com que o país encontre uma nova Justiça, mais célere, mais eficaz, economicamente mais eficiente e que seja, acima de tudo, uma justiça com a qual os portugueses se podem identificar e acima de tudo sentirem que vai ao encontro dos anseios de ver a própria Justiça a funcionar.

 

Ora, aquilo que nós temos é agentes judiciários mobilizados, funcionários judiciais mobilizados, os portugueses com vontade de ter uma Justiça mais célere e mais eficaz, é a economia a precisar de Justiça mais célere e mais eficaz para que Portugal seja mais competitivo.

 

Aquilo que encontrámos foi uma oposição retrograda, sem soluções que a única coisa que afirma é que fará regredir tudo ao passado. Voltámos à situação em que fazemos o país avançar, reformámos o país, construímos um novo país e acima de tudo, encontramos uma oposição sem soluções que quer fazer o país regressar ao passado, à velha política e ao velho Portugal.

 

Eu julgo que essa é uma diferença substantiva na vida pública portuguesa, uma diferença entre aqueles que acreditam e aqueles que não acreditam nos portugueses; entre aqueles que lutam ao lado dos portugueses para enfrentar as dificuldades e aqueles permanentemente na oposição se comportam como uma força de bloqueio que resolvem os problemas dos portugueses.

 

É nesta realidade, nesta dicotomia muito prática, que chegaremos ao momento da verdade.

 

No próximo ano os portugueses terão a oportunidade de escolher entre o velho Portugal ou o novo Portugal, entre a velha política e a nova política, entre o país avançar e o país voltar para trás às velhas políticas, aos velhos partidos e às velhas soluções.

 

Nós, aqui no PSD, acreditamos que os portugueses que se mobilizaram ao longo deste três anos, que acreditaram no seu país, que acreditaram que o país iria avançar, estarão ao lado do Partido Social Democrata, estão ao lado deste Governo no próximo ano nos momentos da verdade que teremos de enfrentar.

 

Nós ansiamos ter um mandato completo para poder aplicar de forma total o nosso programa eleitoral e os nossos projetos políticos para o país. Tivemos três anos a remendar os estragos que os outros fizeram, tivemos três anos a resolver os problemas que os outros nos deixaram, tivemos três anos a lutar contra as dificuldades que o país enfrentava em forma de emergência nacional.

 

Volvido esse período de emergência nacional, o Partido Social Democrata tem o direito a ansiar, tem o dever de solicitar aos portugueses que lhe confiem o mandato para poder aplicar um programa que continuará a ser reformista, que não aceitará o eleitoralismo como regra – como outros têm optado na vida pública portuguesa, mas que o sentido de responsabilidade e o compromisso com o interesse nacional estarão permanentemente na primeira linha da nossa ação política.

 

 

Nós temos uma agenda para o país, há quem só tenha uma agenda para o partido. Nós temos uma agenda para Portugal.

 

O PSD lançou o tema da natalidade, um tema fundamental para o futuro e para a sustentabilidade do nosso país. Muitos foram aqueles que quiseram desvalorizar no início esse tema. Depois vieram a correr lançar críticas e finalmente tiveram que reconhecer que é um tema estruturante para o futuro do país. E nesta Universidade de Verão é importante reafirmar algo que tenho dito e que deve ser sublinhado: não é um tema que dê votos, mas é um tema que dá futuro a Portugal e a nós mobilizam-nos os temas que dão futuro a Portugal.

 

Nós, neste partido, Congresso após Congresso, desde o tempo em que o Dr. Pedro Passos Coelho foi eleito Presidente do Partido, que apresentamos uma proposta para a reforma do sistema político. Uma reforma que, nomeadamente, torne possível um voto preferencial opcional que aproxime eleitores de eleitos, que torne os eleitos mais responsáveis perante os eleitores e que o vínculo de proximidade se transforme numa regra permanente da vida pública portuguesa.

 

Nós sabemos o que tem acontecido ao longo destes anos: há muitos que falam em reformas mas quando chega à hora da verdade nunca estão disponíveis para fazer essas reformas. Há muitos que, nos debates internos que travam, falam na necessidade de compromissos mas a verdade é que o seu historial tem registado uma incapacidade absoluta de construírem compromissos com o Partido Social Democrata e o país.

 

Há muitos que dizem querer reduzir o número de deputados que temos inscrito no nosso programa de governo, no programa eleitoral que apresentámos aos portugueses, o "Mudar”, onde temos inscrita a proposta de redução dos deputados para 181.

 

A verdade é que o PSD é consequente: primeiro o país e depois o partido. São quarenta anos de história a provar que este ensinamento nunca teve em nenhum momento qualquer desvio comportamental.

 

Na oposição ou no poder, fizemos compromissos. Fizemo-lo, disse-o aqui há um ano, com Manuela Ferreira Leite votou o Orçamento de Estado para 2010, com Marques Mendes fez um acordo para a reforma da justiça que o Partido Socialista não aproveitou, e com Pedro Passos Coelho, naquele que foi um momento vital para evitar a rotura financeira iminente do nosso país em 2010.

 

Fizemo-lo com Marcelo Rebelo de Sousa, tal como com muitos outros líderes. O PSD mostrou sempre grande sentido de responsabilidade, colocando o país em primeiro.

 

Aquilo a que nós apelamos aos partidos da oposição é que não temos de estar todos de acordo em tudo, mas também não é possível estarmos todos em desacordo em tudo. O país não suporta isto e precisa que haja entendimentos sustentáveis para o futuro.

 

Não adianta dizerem que agora estão num debate interno porque é exatamente nos momentos de debate interno que se clarificam as posições. Não na forma mas na sua substância, e é importante que na substância o Partido Socialista nos diga com que é que o país pode contar relativamente ao futuro.

 

É que relativamente ao presente e ao passado o país não pôde contar com o Partido Socialista para nada e é importante que relativamente ao futuro mude de comportamento.

 

Caras companheiras e caros companheiros, já lá vai longo o meu discurso. Há um ano atrás o país era outro, a sociedade era outra, avançou, melhorou, mudou.

 

Na campanha eleitoral de 2011, nós prometemos Mudar Portugal. Estamos a mudar Portugal e os outros estão iguais a si próprios, parados no tempo, imobilistas, negativistas, derrotistas.

 

Aquilo que nós queremos é que daqui a um ano seja possível vir a esta Universidade de Verão dizer que afinal ganhámos um ano para o país. Com consensos, com soluções, com uma oposição mais responsável, mais determinada em construir o futuro e menos determinada em bloquear a construção desse futuro.

 

Aquilo em que acredito é que com a vossa ação, com a ação dos portugueses que tem sido exemplar no dia-a-dia, com a atitude perseverante, determinada, completamente irrepreensível de um Primeiro-ministro que tem liderado o país de forma extraordinariamente responsável e competente, nunca virando as costas a Portugal, nem nunca abandonando o país nos momentos de dificuldade, que daqui a um ano estaremos na Universidade de Verão a discutir as eleições legislativas. Daqui a um ano, estaremos a tratar dos projetos que nos anos seguintes seguramente os portugueses nos confiarão para aplicar em Portugal no mandato que aí virá.

 

Acreditamos no trabalho que estamos a fazer, apresentamos resultados desse trabalho, acreditamos que estamos a mudar Portugal como tínhamos prometido aos portugueses e acima de tudo acreditamos que os portugueses saberão reconhecer isso no momento da verdade.

 

Viva o PSD, mas acima de tudo, e sempre, viva Portugal.

 

[APLAUSOS]