ACTAS  
 
9/1/2014
Jantar de Abertura com o Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide
 
Dep.Carlos Coelho

Minhas senhoras e meus senhores, dou início ao jantar formal de abertura cumprimentando todos os presentes.

 

Como vão aperceber-se, todos os nossos jantares começam com um momento cultural. Em cada dia dois grupos terão a responsabilidade de dar início à noite com a leitura de um poema. Os próximos jantares serão da vossa iniciativa. Hoje, por volta das 11.30h vamos, por sorteio, fazer a distribuição desses dias, ou seja, cada um dos vossos grupos, terá ocasião por uma vez, abrir o jantar com um momento cultural.

 

Mas neste jantar formal de abertura, o privilégio é nosso. Portanto é a organização que escolhe o momento cultural. Vocês têm o poema à vossa frente. É a "Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya”, uma prosa poética fantástica do grande escritor português Jorge de Sena, que comenta um grande quadro, um quadro de Goya, de 1814 que se encontra no Museu do Prado em Madrid. Presumo que a imagem do quadro deva estar a aparecer nos vossos écrans.

 

Diz-se que a guerra é sempre estúpida, sobretudo quando ela é feita sem nenhum cuidado com a dignidade da pessoa humana e vertendo sangue. E a guerra sem regras, a guerra que não segue aquilo que são os cânones da lei internacional leva sempre ao exagero. Meto nisso o genocídio, a tragédia da tortura, o total desprezo pelas pessoas. E foi isso que aconteceu quando as tropas francesas deram cabo da população de Madrid em 2 de maio de 1808. O comandante das forças francesas que ocupavam na altura a Espanha, decidiu fuzilar perto de 400 pessoas do dia 2 para o dia 3 de maio. Foi, portanto, um julgamento sumário e Goya pegou nesta expressão dos inocentes a serem dizimados e fez uma tela das mais expressivas das homenagens à vitimas da guerra. Pois bem, é com base nesta tela de Goya que Jorge de Sena faz uma lição de vida na carta aos seus filhos, que o Paulo Pinheiro vai ler, acompanhado por uma interpretação do concerto de Aranguez, a terra espanhola cujo motim levou ao levantamento do povo de Madrid. Deixo-vos portanto com a voz do Paulo Pinheiro e a letra de Jorge de Sena.

"Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya”.

 
Paulo Pinheiro
[LEITURA DO POEMA]
 
Dep.Carlos Coelho

Este é o jantar de que eu gosto mais na Universidade de Verão, porque é aquele em que eu tenho a oportunidade de falar mais. Vão ver que os outros jantares são diferentes. Nos outros jantares nós não temos aqui a mesa da presidência. Teremos aqui a mesa de um dos vossos grupos. Uma das coisas que iremos fazer hoje às 23.30h, com os vossos coordenadores, é sortear quais são os 5 grupos anfitriões e os 5 grupos que fazem o brinde.

 

Nos próximos 5 jantares-conferência haverá um grupo que estará aqui na mesa. Portanto nós seremos hóspedes nessa mesa, com o nosso convidado ou convidada para o jantar-conferência e outro grupo fará o brinde.

 

Uma coisa curiosa que vocês haverão de ter reparado: os vosso guardanapos ainda têm uma fita de cor. Isto numa universidade de verão, cuja organização pensa em todos os detalhes, não foi ideia nossa; foi uma ideia do hotel, que coloca nestas fitas a ementa e altera a cor da fita de acordo com a cor do grupo. Se amanhã, por sorteio, o grupo anfitrião for o grupo verde, esta fita passa a ser uma fita verde, é uma delicadeza do hotel que adaptou as suas providências à mecânica da Universidade de Verão. Portanto, haverá um grupo anfitrião e haverá um grupo que faz um brinde. Neste jantar não é assim, sou eu que tenho o privilégio de fazer o brinde e saudar o nosso convidado. E quero saudar o senhor presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, António Nobre Pita, que tem comohobbieatividade alfarrábica, sugere-nos o livro «Ser autarca, a sua missão e desafios» e tem como comida preferida toda a gastronomia alentejana; o animal preferido é o cão, sugere-nos dois filmes: «A lista de Schindler» e «The Bunker - Em Guerra Contra o Medo». A qualidade que mais aprecia é a criatividade.

 

António Nobre Pita é um homem que estudou arqueologia e que tem uma grande sensibilidade para a história. Como vocês vão ter ocasião de ver na visita a Castelo de Vide, é muito importante que esta bela terra tenha à frente dos seus desígnios alguém com esta sensibilidade. Porque nesta terra vive-se, sente-se, cheira-se a História que a marcou sob o ponto de vista do seu desenvolvimento e dos seus traços culturais. E o nosso presidente António Nobre Pita, que é a primeira vez que temos o privilégio de o receber nesta Universidade de Verão, é Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide pela primeira vez desde a nossa última realização aqui há 1 ano atrás. Não é alguém que nós não conheçamos. Ele não caiu de paraquedas na gestão municipal. Ele já era vereador, aliás vice presidente da Câmara, deu o seu melhor no executivo municipal e por mérito próprio é hoje o presidente da edilidade.

 

E portanto, meu caro António Nobre Pita, eu proponho que nós levantemos os nossos copos para fazer um brinde à saúde, ao sucesso do Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, o mesmo é dizer a todos os habitantes desta terra.

 
António Nobre Pita

Ora muito boa noite a todos. Se me permitem uma breve mensagem – não é um discurso mas sim umas palavras de circunstância.

 

Naturalmente, em primeiro lugar, para agradecer as amáveis palavras que me acabaram de ser dirigidas. Possivelmente, elas foram um pouco exageradas ou, certamente, foram exageradas, mas quero-vos dizer que efetivamente foi com muito orgulho que durante 12 anos colaborei numa equipa, com responsabilidade partilhada, naturalmente, por essa equipa que teve 12 anos. Pela primeira vez em 2002, o PSD chegou ao poder autárquico na história do poder autárquico desde o 25 de abril em Castelo de Vide e efetivamente depois de um grande trajeto na oposição, em 2002, integrei essa equipa.

 

Durante 12 anos fui vice-presidente, vereador da Câmara Municipal, com muito orgulho, com muito empenhamento e, por isso, penso que a população nas últimas eleições quando escolheu, escolheu alguém da sua confiança para que, neste momento, possa assumir uma responsabilidade ainda maior. Uma das razões por que eu sugeri o livro que está nesse apontamento biográfico tem precisamente a ver com o meu percurso. É um livro recente, é um livrinho que se lê em 2 noites, mas é um livro que tem aquilo que é a essência do poder local. E portanto, fica aqui uma sugestão para os jovens que queiram seguir o poder autárquico, com certeza que aí terão um complemento à vossa formação cívica e à vossa formação politica que esta universidade vos irá trazer durante esta semana.

 

E daí, nesta mensagem, naturalmente de boas vindas a todos, querer cumprimentar em primeiro lugar, naturalmente, o magnânimoreitordesta Universidade, porque de facto é uma pessoa extremamente competente. Para quem não conhece, vocês irão ver.

 

Como hoje já foi dito, sairão daqui com muita saudade mas sobretudo com certeza para além das enormes expetativas que cada um traz, irão perceber o quanto é importante para a vossa formação esta passagem aqui por Castelo de Vide.

 

Portanto eu quero felicitar, e digo isto desde a primeira hora, este projeto que foi um projeto pioneiro em Portugal felizmente iniciado pelo PSD. Quero também felicitar o nosso eurodeputado por ter tido o mérito, a oportunidade, a visão de ter criado esta Universidade de Verão, tendo feito com que Castelo de Vide tenha recebido já 1200 jovens – contando convosco, que tenho a certeza absoluta vieram qualificar a classe politica do país e portanto uma salva de palmas para ele, porque, de facto, se não houvesse outras razões esta é fundamental.

 

[APLAUSOS]

 

Queria também cumprimentar a sua equipa. Na sua pessoa, cumprimento todos os vossos colaboradores, os adjuntos, pessoas que já conhecem Castelo de Vide. Pessoas que sabem que mesmo com um programa muito apertado e exigente – porque o principal da vossa estadia é a aposta na formação e nas vossas competências cívicas e políticas - que há alguns intervalos para também poderem, de uma forma mais lúdica, conhecer Castelo de Vide e encontrar outros motivos para cá voltar. E portanto, eu espero estar com vocês durante esta semana, quero saudar todos, espero que de facto consigam durante esta semana, tenho a certeza que sim, ir ao encontro das vossas expectativas.

 

Hoje foi a primeira vez que estive na abertura da Universidade de Verão. Tinha uma noção de como funcionava, mas não sabia que em rigor era tão levado - desculpem o pleonasmo – em tão bom rigor, ao ponto de me sentir extremamente incomodado de ter chegado atrasado cerca de 5 minutos. Mas um dia, quando vocês forem presidentes de câmara há outros valores também que muitas vezes nos impedem de cumprir esses horários.

 

Mas de qualquer forma, olhando para aquilo que aqui hoje foi dito eu quero confessar humildemente que se tivesse oportunidade de há uns anos atrás ter estado no sítio onde vocês estão, eu hoje certamente seria uma pessoa mais bem preparada e por isso, só por isso, eu penso, e estou a dizer isto com qualquer desapego em relação às convicções ideológicas e à simpatia que tenho pelas pessoas que vão estar convosco nesta orientação desta semana digo isto sinceramente de coração porque percebo o quanto é importante para a vossa vida futura, tenho a certeza que há-de haver muitos dias na vossa vida que vão-se lembrar do que aprenderam aqui nesta semana.

 

Portanto eu lamento não ter tido essa experiência, vocês que têm essa experiência espero que a aproveitem o melhor possível. Por que nós estamos aqui hoje todos e eu em particular desempenhando funções autárquicas, devemos isso naturalmente ao regime democrático que hoje nós vivemos. Nesse sentido porque também comemoramos os 40 anos de abril, não podia deixar de lembrar na terra de Castelo de Vide, na terra de Salgueiro Maia, onde Salgueiro Maia nasceu e onde quis estar sepultado por voto testamentário, sublinhar para quem anda distraído que por essa razão queria deixar este livro que é um livro que simboliza a liberdade, a liberdade que Salgueiro Maia nos deixou e tenho a certeza absoluta que a história um dia ainda há-de ser mais justa com Salgueiro Maia.

 

Nós não queremos naturalmente que a morte chegue a ninguém mas tenho a certeza absoluta que no dia em que alguns capitães que foram contemporâneos de Salgueiro Maia, um dia quando por lei natural da morte nos deixarem com certeza que a história será reescrita de outra maneira e nessa altura Salgueiro Maia será incontestavelmente um herói não acidental, mas o herói do 25 de abril e portanto.

 

Caro amigo deputado, quero deixar esta fotobiografia para a sua biblioteca pessoal, um trabalho em que a Câmara Municipal teve muita honra em subscrever, e portanto não sei se a sua biblioteca já tem ou não esta obra.

 

[APLAUSOS]

 

O mesmo também para aquele que vai ser uma referência para todos vocês, é uma grande referência para a nossa juventude, senhor presidente, se faz favor, também para si. Imagino, eu não sei onde é que estava no 25 de abril de 74…

 

[APLAUSOS]

 
Hugo Soares
Ainda não estava…
 
António Nobre Pita

E também para o seu colaborador, o homem dinâmico que é um rosto desta Universidade de Verão, muito obrigado.

O saco é o saco chamado taleigo do pão, mas isso ficará para a abordagem gastronómica que iremos fazer numa outra altura, quando vocês vierem cá como turistas, com os vossos pais.

 

De qualquer forma, deixem-me dizer ainda, como nota final, estamos neste momento precisamente porque a história para nós, seguindo o provérbio judaico «Povo que não conhece a sua história está condenado a não ter futuro». Eu tenho pena que não haja tantos historiadores nos governos, porque por vezes perdemos algum fio condutor com o passado e isso dizem os historiadores, puxando a brasa à nossa sardinha, que por vezes é perigoso.

 

De qualquer forma, Castelo de Vide, uma terra de História, onde de facto a História é uma das nossa maiores valência, permite o nosso desenvolvimento sustentado e integrado, baseado sobretudo nos nossos recursos endógenos, estamos a ver a nossa feira medieval e essa feira medieval não é mais uma feira medieval, é uma feira medieval que, por um lado, proporciona retorno económico e promove o desenvolvimento local, mas por outro lado pretende reforçar a nossa identidade local. Aquilo que cada município, acredito que deve estar na base do desenvolvimento de cada município, não estarmos todos a fazer a mesma coisa, mas sobretudo potenciarmos o nosso desenvolvimento com aquilo que é mais genuíno, com aquilo que, de facto, corresponde à nossa alma, à nossa identidade.

 

São palavras muito ousadas, mas, de facto, palavras muito bonitas. Castelo de Vide tem esta alma histórica que nos transporta até ao passado e portanto fica também aqui o convite para o próximo fim de semana de programas mais preenchidos e por ser um momento mais aliciante, eventualmente fica aqui o convite também para os vossos familiares, para os vossos pais, quando os vierem buscar poderem assim levar ainda mais saudade de Castelo de Vide.

 

Muito obrigado a todos e até sempre.